Castro e Marco Miliario


O Castro de Goujoim situa-se nos limites da freguesia do mesmo nome. Este ocupa a colina do Monte Castro, com uma extensa plataforma central, de declives acentuados e a uma altitude de oitocentos e dezanove metros.
Na coroa do mundo, num pequeno planalto denominado Castro, há vestígios de fortificações romanas. A abundância de água e a fertilidade dos terrenos marginais foram motivo de fixação das populações desta remota civilização, atestada por numerosos vestígios de muralhas que são fora da população, cerâmica, objectos líticos, moedas, bem como um marco demarcatório, e que se colocava nos limites das terras no lugar das lameiras, e quase com a mesma finalidade dos marcos hectómetros e quilométricos, no tempo de Tibério Cláudio. Este marco de pedra Granítica tem 1,25 metros de altura por 61centímetros de largura e 37,5 centímetros de espessura.

No Castro encontrou-se um moinho românico, e onde tem uma vista fantástica paisagem sobre o concelho de Tabuaço e Moimenta da Beira.

Goujoim é uma freguesia de Armamar onde ficaram alguns e vincados vestígios da passagem do povo Romano por estas paragens.
Os Romanos costumavam colocar ao longo das suas estradas marcos Miliários para marcarem as distâncias.
Nas proximidades do Castro de Goujoim no sítio das Lameiras foi a anos localizado um desses Marcos Miliários epigrafado com os caracteres latinos já bastantes ilegíveis (INTE…INTER / COILA…RI.AUG.GE…RABA/…ONT.MAX.TR…/…V. POTESTATE V/I PP COS.III TER/MI.AUG. O monólito de pedra granítica tem 1,25m de Altura por 65cm de largura e 37,5cm de espessura.
Em trabalho intitulado «Termino Augustal de Goujoim» separa de Conímbriga, edição da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, (1979) o arqueólogo viseense, João Luís Inês Vaz, a primeira pessoa a debruçar-se sobre este monumento e a interpretá-lo, propôs, deste modo, a tradução latina nele gravado:

(( A Tibério Cláudio, César Augusto, Germânico, Pontífice Máximo, com poder Trubunício pela sexta vez, Pai da Pátria, Cônsul pela terceira vez. Termino Augustal entre os Coilarnos e os Raba…)).
O tradutor é de opinião que «tanto podemos atribuir a epígrafe ao reinado de Cláudio como ao Nero… Com efeito, em ambos coincide a detenção do poder tribunício pela sexta vez e o consulado pela terceira».
A ser Cláudio, teremos que datar esta inscrição entre 25 de Janeiro de 46 a 1 de Janeiro de 47. Se, pelo contrário a atribuirmos a Nero, teremos que datar entre 13 de Outubro de 59 e 31 de Dezembro do mesmo ano.
Ainda de acordo com opinião de Inês Vaz a ultima palavra de RABA… deverá a aludir a algum povo desconhecido já que em inscrições Romanas, é a primeira vez que esta raiz aparece.

Na Península o trabalho de fixação dos limites dos povos indígenas iniciou-se, como já dissemos com Augusto, prolonga-se pelos reinados de Tibério e Cláudio.
Dos Marcos estabelecidos, conhecem-se apenas mais quatro, até ao momento.
1º de um deles foi encontrado na povoação de Ul, concelho de Oliveira de Azeméis. Deve datar de fins do ano quatro, princípios do ano cinco de nossa era.
O 2º fica na freguesia de Guardão, no conselho de Tondela encravado na parede de uma parede de uma capela. Deve datar entre 4 e 14 d.C.
O 3º marco, o único num museu português achou-se em Peroviseu, conselho do Fundão. É cópia do original romano e dividir os Lanciences e os Egitanienses.
Há ainda notícia de um outro marco limitante que teria sido encontrado na aldeia de S. Salvador em Penamacor, e que desapareceu.
A pedra está fracturada em diversos pontos, porque se pensava que, estava cheia de libras.

A importância deste marco reside na confirmação das demarcações sob o governo de Cláudio no contributo que proporcione para o estudo da etnologia antiga do nosso território.
O marco dividiria no sentido Norte-Sul, pois cremos que o Oriente a fronteira seria o Rio Tedo, fronteira natural, com as suas encostas dificilmente escaladas.