Arquitectura Tradicional

Os telhados das casas de Goujoim são normalmente de quatro águas, embora também sejam muito abundantes os de duas.
As telhas que os revestem são de barro, excepção feita da casa preta com telhas de lousa. As telhas de canudo, são também chamadas meia cana, mouriscas ou portuguesas e empregam-se há séculos. Colocam-se alternando uma fiada de cobertor, de concavidade voltada para baixo, e a seguinte inversamente, o canal.
De aplicação mais recente é a telha lusa, evolução da telha anterior.
As casas existentes, possuem agora a telha marselha introduzida no nosso país n a segunda metade do século XIX. Como o nome indica, esta telha teve a sua origem no Sul de França. É de grande aceitação por ser de fácil assentamento. Trata-se de uma placa rectangular em cujos bordos laterais correm uma aba de espera e outra de cobrir.
Elemento arquitectónico também algumas vezes presente nos telhados é o mirante e as trapeiras.
Também, os tabiques são caiados de branco, em alternativa revestidos a lousa como a linda casa Preta, são forrados a chapa de zinco ondulada em tons de vermelho. Existem mesmo tabiques revestidos a telha de barro.



Quinta Maria da Graça



Algumas fontes com arquitectura

Junto à casa preta, assente em quatro esferas localiza-se o fontanário piramidal oitocentista (1878). A sua construção deve-se ao comendador António Cardoso Gouveia, e era onde habitualmente as mulheres da aldeia lavavam a sua roupa. Também existem mais quatro fontes: uma delas chama-se a Fonte das Nogueiras, esta fonte é muito antiga, e antigamente abastecia toda a freguesia e o povo de Goujoim; outra é a que tem como nome a fonte da Carranca, que foi construída no tempo dos romanos e é uma fonte muito típica; ainda existem mais duas que estão uma que está localizada ao pé do Pelourinho e outra, mais a cima dez metros, estão ligadas a uma nascente da freguesia.


Águas Medicinais

Próximo da Ribeira de Goujoim localizam-se as "Caldas da Moura" ou "Fonte de D. Moura", de onde brotam águas radioactivas, minerais-sulfatadas-sódicas, conhecidas e designadas por Águas Medicinais do Tedo. Pensa-se que estas águas já teriam sido exploradas pelos Romanos. Segundo o Professor Charles Lepierre e também segundo o Dr. José Aboim Contreiras, médico e hidrologista e membro da sociedade de Medicina de Londres, são várias as suas indicações terapêuticas, principalmente, no tratamento de doenças como gastrites, litíase biliar, dispepsias, diabetes, reumatismo crónico, sífilis, hepatites e outras doenças.

Nota: Site a onde pode saber mais informação sobre as Águas Medicinais do Tedo.
Fonte: Águas Termais
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Casa Preta

Goujoim possui algumas casas de nobres famílias brasonadas, entre estas destaca-se a ilustre família de apelido Gouveia. O elemento arquitectónico que mais desperta a atenção a quem vindo do exterior avista Goujoim é a chamada Casa Preta. Esta foi edificada por D. Abílio Lopes Freire de Gouveia em 1906, conforme testemunha uma lápide localizada na sua parede frontal. Esta casa esteve relacionada com a secagem de tabaco, cultura agora extinta que surgiu na zona como uma das alternativas à vinha a quando dos problemas com a filoxera (doenças das vinhas).
Nesta mesma casa existiu um moinho de azeite onde, movimentado por bois.

Castro e Marco Miliario


O Castro de Goujoim situa-se nos limites da freguesia do mesmo nome. Este ocupa a colina do Monte Castro, com uma extensa plataforma central, de declives acentuados e a uma altitude de oitocentos e dezanove metros.
Na coroa do mundo, num pequeno planalto denominado Castro, há vestígios de fortificações romanas. A abundância de água e a fertilidade dos terrenos marginais foram motivo de fixação das populações desta remota civilização, atestada por numerosos vestígios de muralhas que são fora da população, cerâmica, objectos líticos, moedas, bem como um marco demarcatório, e que se colocava nos limites das terras no lugar das lameiras, e quase com a mesma finalidade dos marcos hectómetros e quilométricos, no tempo de Tibério Cláudio. Este marco de pedra Granítica tem 1,25 metros de altura por 61centímetros de largura e 37,5 centímetros de espessura.

No Castro encontrou-se um moinho românico, e onde tem uma vista fantástica paisagem sobre o concelho de Tabuaço e Moimenta da Beira.

Goujoim é uma freguesia de Armamar onde ficaram alguns e vincados vestígios da passagem do povo Romano por estas paragens.
Os Romanos costumavam colocar ao longo das suas estradas marcos Miliários para marcarem as distâncias.
Nas proximidades do Castro de Goujoim no sítio das Lameiras foi a anos localizado um desses Marcos Miliários epigrafado com os caracteres latinos já bastantes ilegíveis (INTE…INTER / COILA…RI.AUG.GE…RABA/…ONT.MAX.TR…/…V. POTESTATE V/I PP COS.III TER/MI.AUG. O monólito de pedra granítica tem 1,25m de Altura por 65cm de largura e 37,5cm de espessura.
Em trabalho intitulado «Termino Augustal de Goujoim» separa de Conímbriga, edição da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, (1979) o arqueólogo viseense, João Luís Inês Vaz, a primeira pessoa a debruçar-se sobre este monumento e a interpretá-lo, propôs, deste modo, a tradução latina nele gravado:

(( A Tibério Cláudio, César Augusto, Germânico, Pontífice Máximo, com poder Trubunício pela sexta vez, Pai da Pátria, Cônsul pela terceira vez. Termino Augustal entre os Coilarnos e os Raba…)).
O tradutor é de opinião que «tanto podemos atribuir a epígrafe ao reinado de Cláudio como ao Nero… Com efeito, em ambos coincide a detenção do poder tribunício pela sexta vez e o consulado pela terceira».
A ser Cláudio, teremos que datar esta inscrição entre 25 de Janeiro de 46 a 1 de Janeiro de 47. Se, pelo contrário a atribuirmos a Nero, teremos que datar entre 13 de Outubro de 59 e 31 de Dezembro do mesmo ano.
Ainda de acordo com opinião de Inês Vaz a ultima palavra de RABA… deverá a aludir a algum povo desconhecido já que em inscrições Romanas, é a primeira vez que esta raiz aparece.

Na Península o trabalho de fixação dos limites dos povos indígenas iniciou-se, como já dissemos com Augusto, prolonga-se pelos reinados de Tibério e Cláudio.
Dos Marcos estabelecidos, conhecem-se apenas mais quatro, até ao momento.
1º de um deles foi encontrado na povoação de Ul, concelho de Oliveira de Azeméis. Deve datar de fins do ano quatro, princípios do ano cinco de nossa era.
O 2º fica na freguesia de Guardão, no conselho de Tondela encravado na parede de uma parede de uma capela. Deve datar entre 4 e 14 d.C.
O 3º marco, o único num museu português achou-se em Peroviseu, conselho do Fundão. É cópia do original romano e dividir os Lanciences e os Egitanienses.
Há ainda notícia de um outro marco limitante que teria sido encontrado na aldeia de S. Salvador em Penamacor, e que desapareceu.
A pedra está fracturada em diversos pontos, porque se pensava que, estava cheia de libras.

A importância deste marco reside na confirmação das demarcações sob o governo de Cláudio no contributo que proporcione para o estudo da etnologia antiga do nosso território.
O marco dividiria no sentido Norte-Sul, pois cremos que o Oriente a fronteira seria o Rio Tedo, fronteira natural, com as suas encostas dificilmente escaladas.



Escola Comendador Gouvêa

A Escola de Goujoim é de construção particular, pois, foi mandada edificar por um benemérito da freguesia, o Senhor Comendador António Cardoso de Gouveia, em 1936.
A Escola é composta por duas salas de aula, amplas e arejadas, umas das quais, ocupada pela única turma existente.
Esta situada dentro de um recreio de terra batida, rodeada de jardins e murada a toda a sua volta.
Dentro do mesmo, existe o Edifício da Cantina Escolar, onde eram todos os dias, servidas refeições quentes aos alunos. Agora, é pena não estar em funcionamento.


Fauna e Flora

Não sendo excepção relativamente ao resto do país, a fauna silvestre desta região encontra-se bastante dizimada pela acção directa (armadilhas, envenenamentos, destruição de ninhos, caça furtiva) ou indirecta (uso de pesticidas e herbicidas, incêndios) do homem. Notícia há da existência do urso ou do veado nestas paragens no final da idade média, agora extintos. Abundante é ainda o javali e a raposa. Outros mamíferos podem ser ainda encontrados: texugo ou toirão, doninha, fuinha, coelho bravo e lebre.
Quanto a aves, existem, para além da perdiz, espécies como a carriça ,o pintassilgo, a coruja e a águia vulgar.
Nas águas do Tedo, existem várias espécies de peixes: o barbo, a boga, o escalo e a enguia. E também se encontram tartarugas nas suas límpidas águas. Dentro das plantas capazes de atingir maior porte destaca-se a existência do abundante pinheiro bravo e manso, do carvalho negral, do sobreiro e do castanheiro. Pelos montes são observadas oliveiras bravas, sabugueiros, medronheiros, loureiros, tojos, giestas e urzes. Nos locais mais húmidos são frequente o salgueiro.Com dimensões mais modestas temos o rosmaninho, o sargaço, a carqueja, a erva de São Roberto de entre muitas e muitas mais. De aparecimento relativamente recente temos a mimosa, espécie australiana, verdadeira praga pela facilidade com que se adapta às condições do nosso país.

Monumentos Religiosos

A igreja matriz, de invocação a Santa Eulália, a padroeira, é de modesta arquitectura exterior, como a maioria dos templos do concelho. Todavia o seu interior é de rica talha dourada e o tecto apainelado (tecto em painéis).Nela se encontra um painel de talha dourada, com uma imagem de Nossa Senhora do Patrocínio. Essa talha sendo transportada de barco do Porto até ao rio Tedo, para casa do Senhor Professor Abílio Freire de Gouveia.A festa em honra de Santa Eulália realiza-se a dez de Dezembro, com cerimónias religiosas em que se inclui uma procissão á volta da Freguesia.O património da freguesia inclui ainda duas capelas uma chamada Senhora do Carmo, que se situa num cruzamento na estrada que segue para a zona do concelho de Armamar; a outra, que se chama Santa Barbara, junto ao cemitério, e de onde se avista, de forma privilegiada, o vale e a foz do rio Tedo, a uma aldeia chamada Ribeira de Goujoim e o Douro.


Pedra Curra e Túmulo

Bem perto do Castro, no lugar do Mogo (um lugar da Freguesia de Goujoim), existe uma necrópole construído por túmulos escavados na rocha, com um perímetro em ultrapassa os vinte mil metros quadrados. Das sepulturas existentes, duas estão em óptimo estado de conservação, sendo uma dela antropomórfica e a outra rectangular. Os restantes exemplares encontram-se bastante danificados, diz-se que por alguém que tencionava encontrar tesouros no seu interior. Não existe consenso quanto à época em que estes túmulos terão sido abertos. Para outros a necrópole é medieval, remontando aos séculos VI ou VII ao XI.A vinte metros de distância dos túmulos e a caminho de S. Cosmado, existe uma pedra que se chama Pedra Curra, de significado apenas natural ou com algum interesse arqueológico, no meio de um pinhal existe a chamada Pedra Curra (Pedra que urra), uma alusão ao som que do seu interior parece vir quando o vento sopra com uma determinada intensidade e direcção. Diz o povo que encerra no seu interior campas de mouros.


Pelourinho

No Lugar da Praça, encontra-se o Pelourinho de Goujoim. De talha simples e de expressão rústica, este contém poucos elementos de pormenor. Assenta num único degrau que também serve de plataforma onde apoia a coluna de forma cilíndrica, de aparelho irregular. O fuste é constituído por granito, notando-se alguns orifícios, onde é possível terem existido ferros de amarração dos condenados. A coluna têm dois metros e vinte centímetros de altura, na base nota-se um escudete de modelação um pouco incaracterístico. Sobre ela, assenta a peça do remate de secção circular, transformando-se em cubo com quatro escudetes, de símbolos e caracteres diferentes. No lado ocidental, tem as quinas das armas de Portugal. No lado leste, a data A AD 666 (Ano Domini); a sul, as iniciais I.B.B.B. e, no lado Norte, existem Cinco pontos.

Tradições

Goujoim era muito rico em tradições, mas, com a evolução dos tempos, muitas delas se perderam. Uma delas acontecia logo pelo Natal, quando o Toco era aceso na Praça na Noite de consoada, e só era apagado após “o dia de Reis”. Aí, era onde a população se divertia, nessas noites longas e frias de Inverno. O cantar das Janeiras e os Reis comemoravam-se de porta em porta, e o que as pessoas ofereciam (chouriças, Salpicões, pão, etc.) era para no fim fazerem uma festa. O Entrudo era festejado com grande alegria: com bailes e cortejos nas ruas da aldeia, que terminavam com um grande baile nas ruas da Freguesia.Com a chegada da Quaresma, as pessoas recolhiam-se em Penitência e Oração. Todos os Domingos havia um sermão com uma espécie de teatro, em que se representavam todos os martírios de Jesus Cristo. Nesta altura, Goujoim sabia acolher as pessoas das povoações vizinhas para virem assistir a essas religiosidades, pois eram as únicas nas redondezas. A semana Santa era, enfim, o culminar de todas as cerimónias, terminando com a Celebração da Páscoa, que já era feita com grande alegria. Ainda hoje se festeja o dia de S. José, embora com mais humildade, pois a população residente em Goujoim é bastante menor. Eram muito divertidas as Festas de S. João e do S. Pedro, em que as ruas da aldeia eram todas enfeitadas com papel colorido e eram organizados grandes bailes. Ninguém ficava em casa! Hoje, apenas se festeja o dia de Sta. Eulália, Padroeira de Goujoim. A gastronomia era também muito apreciada, como por exemplo: o arroz de Cabidela, feito com galinhas ou frangos caseiros; os rojões, feita na altura da matança dos porcos; o Cabrito assado, com as batatas assadas e o arroz do forno, que é ainda hoje o prato favorito dos dias festivos. Havia também as procissões do Corpo de Deus, em que as ruas eram enfeitadas com tapetes de flores, feito pelas pessoas da aldeia. Tudo isto se está a perder, com grande pena dos seus habitantes, em grande parte por falta da matéria-prima, que é a Juventude.
Muitas coisas ainda se recordam com muita saudade, principalmente, pelas pessoas mais idosas.